quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A Cidade Unida



A CIDADE UNIDA


De repente a pequena cidade de Vai-quem-quer amanheceu agitada.
Logo cedo a notícia correu pelas ruas: O delegado Neco conseguiu pegar o larápio!
Tratava-se de um sujeito que havia muito tempo vinha perturbando a cidadezinha, realizando pequenos furtos.
Tudo era objeto de roubo para ele, que já tinha roubado: a galinha de dona Dirce, o pato de dona Calú, o ganso de seu Eustáquio e outros animais domésticos. Mas em sua última façanha tinha ido longe demais, pois desafiara a autoridade local, ao roubar a cabrita de dona Ritinha, esposa do delegado Neco.
Agora era questão de honra para o delegado colocar o meliante atrás das grades e executar a pena máxima pra esse tipo de gente naquela região: O sujeito teria que ser levado à forca!
Exagero? Pode parecer hoje, mas naquele tempo era comum se enforcar ladrões e outros tipos de criminosos.
Finalmente o delegado Neco tinha cumprido a promessa que fizera aos moradores da pequena Vai-quem-quer, diante do último delito cometido pelo ousado criminoso, que, como já disse anteriormente, furtara a cabrita de sua esposa, quando então prometera de pés juntos que colocaria o criminoso atrás das grades.
Depois de muitas diligências, o malfeitor estava preso.
Naquele tempo não se costumava manter criminosos aprisionados por muito tempo, por isso, logo que o criminoso chegou a cidade, sob a guarda do delegado Neco, imediatamente instaurou-se um júri popular, que não exitou em sentenciá-lo à forca.
O enforcamento foi marcado para três dias após o julgamento, mas nesse ínterim surgiu um problema: A cidade estava pra lá de quebrada, e a autoridade policial da cidade não tinha dinheiro se quer pra comprar a corda para enforcar o criminoso. O que fazer?
O jeito foi apelar para os cidadãos da cidade. Não faltaram voluntários para contribuir com a compra dos acessórios necessários para a realização do ato de justiça.
Como quase todo mundo da cidade já tinha sido roubado pelo marginal, ninguém deixou de atender ao apelo do delegado Neco.
Cada um contribuiu com um pouquinho, e ao final, foi possível comprar: corda, madeira e até capuz para o carrasco e venda e charuto, para o malfeitor, que no dia e hora marcados, foi por fim enforcado em grande estilo.
A cidade estava finalmente livre daquele mal, a honra do delegado estava lavada e a cidade pôde voltar a ter sossego.
E, com isso, os moradores da pequena Vai-quem-quer aprendeu uma importante lição:
"A união, faz a forca".


(João Roberto Fernandes)

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